terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Mentiras e Verdades...
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(aqui começa a minha história de chats na Sala 40 – Sala que virou minha a minha Base na net... o meu porto seguro... rsrsrssss)
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O que são mentiras e o que são verdades? Quando é que a mentira fica caracterizada como sendo ela mesma? E quando é que a verdade passa a idéia de ser uma mentira ou uma quase verdade ou uma verdade incompleta? (sorrio)

Era assim que meu amigo virtual definia as coisas que ele dizia (escrevia). As coisas que ele contava para mim. Dizia-me serem “verdades incompletas” ou “uma não completa verdade”... Mas, dizia a verdade! (afirmava)

Ele caiu no meu afeto com muita facilidade, pelo seu senso de humor e sua elegância no trato com as pessoas amigas da sala, principalmente comigo, claro. Passado já alguns meses que conversávamos, agora ele me dizia ir à sala para estar comigo. Isso me soava bem porque era agradável a nossa convivência virtual. Ele sempre me escrevia coisas engraçadas e respeitava as que eu escrevia.

Declarava-se um matuto, contudo sua escrita e suas idéias e as informações sempre muito atualizadas, mostravam-me o contrário.
Às vezes sumia por um tempo. Eu sentia sua falta. Mas quando retornava, compensávamos com longos papos toda essa ausência. Houve dias em que ficamos até de madrugada conversando muito.
Ele era o único que eu conheci e que me dizia que, por não ter como lutar contra os clones internautas, resolveu sua questão adotando um NICK sem NICK.
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Acostumada que sou ao jogo cênico, entendo aqui, o virtual, como um grande palco, cujas cenas enquanto cenas são verdadeiras e ao mesmo tempo falsas. Verdadeiras porque acontecem em tempo real no palco e com pessoas reais. Verdadeiras também no palco, porque quem lá está é naquele momento aquilo que se diz ser... a personagem com todas as suas emoções. Arrancando a emoção de cada pessoa da platéia.
Falsa porque esta verdade, daquela hora no palco, mesmo que leve à comoção, ainda assim é uma grande mentira. Mentira esta que se baseia em fatos e coisas que vieram de um dramaturgo, um escritor e não de quem as vive naquele momento naquele palco (ainda que em muitos momentos estas histórias se cruzem com a realidade de quem assista). Ali, somente a representação da história escrita por alguém. E, fechadas as cortinas... fim do espetáculo! Fim da mentira! Mas não fim da emoção que fica em nós como verdade. E verdade absoluta do que sentimos. Verdade que carregamos muitas vezes para casa e ainda ao deitarmos a cabeça no travesseiro, sonhamos acordados com tudo que vimos e sentimos.
Relacionamos dentro das nossas emoções cores, luzes, o texto dito, o sub-texto, tudo isso fica na cabeça da gente depois de um grande espetáculo. É como o olho no olho depois de um carinho bem feito. Ahhh!... O sub-texto em mim, exerce um fascínio extremado. É o mais interessante de todo o espetáculo. É aquilo pensado e não dito. Mas sentido. E sentido com intensidade (sorrio).

Meu amigo não imaginava o que acontecia comigo aqui deste lado. Às vezes que minha cabeça rodopiava tentando encontrar as peças desse jogo de sedução, quando um nick aborda outro e isso fica claro como o dia.
Ele nem sequer poderia supor como cada palavra escrita pode transformar a emoção do outro lado da tela (baseado em minha emoção). Claro, guardadas devidas proporções, tudo se transforma numa ou noutra emoção de acordo com o momento.

Se, no momento em que recebemos o que se escreve como verdade, nossa emoção nos banha com uma ternura muito grande. Dessas que faz bem receber. Dessas que faz bem saber-se capaz de despertar em alguém. Mas, se num lapso de razão, passa por nossa cabeça a possibilidade da mentira, fica uma sensação de mal estar. Uma sensação de amargo na boca. Uma sensação de que semelhantes se distanciam neste exato momento, de valores tão necessários à convivência nossa de cada dia. E, que prezamos apesar da virtualidade.

Meu amigo me questionava quando eu lhe enviava mensagens com este pensamento. Eu, por minha vez, dizia-lhe que, enquanto momento, aquilo que ele me dizia ser verdade, eu não poderia desacreditar, já que não tinha parâmetros para discernir a verdade do que me era escrito para a mesma mentira que parecia conter nestes. Não poderia julgá-lo sem o conhecer. Apenas emitia minhas opiniões sobre tudo isso. Afinal, ele era só um Nick sem Nick (risos). E, a minha verdade para ele é que, ainda que a existência dele não passasse disso – um Nick sem Nick, eu lhe tinha afeto. Uma coisa meio inexplicável, mas possível. Eu sentia e acreditava no que estava sentindo.

O desconhecido, mas presente no universo, nos convida a toda hora a uma reflexão sobre o que somos e como somos neste mundo onde nossa energia passeia e se une a tantas outras. Física Quântica também??? Estamos aí... Estamos aqui... Estamos em tudo e tudo está em nós. Ai ai...
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Encontrei e ainda encontro uma legião de seres apaixonados em cada sala que passei e passo. Não sei se estas paixões se deram e se dão pela solidão de cada um, ou se por excesso de sentimentos que temos e que nem sempre conseguimos doá-los a quem queremos. Ficamos então explodindo por dentro e a cada passo pensamos que é hora de entrega a quem se nos apresentar diante dessa esquina chamada net. Entrega que conduz os nossos olhos à busca de uma realidade que possa estar escrita na mentira de um nickname. Ou na verdade de quem estiver por detrás dele. Assim, verdade e mentira, continuarão a permear as relações de uma legião de apaixonados pela vida. Vida esta que escolhe suas diversas formas de existir em sentimentos que vão dos mais puros aos mais sensuais. Em lugares que sequer podemos imaginar que acontecerão. Mas, com certeza, VIDA!!!
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P.S. Olha, mesmo que você discorde de mim, não sai mais batendo a porta não, viu? (a imaginação nos permite abrir e fechar portas nas salas de chat... ou saindo ou dando IG) Pode ser que um dia eu não queira mais entrar no reservado... Volta e retoma a conversa de onde paramos. (sorrio) Um beijo!

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"Quando o componente alucinatório deixa de ser racional, embora permanecendo racionalizante (...), é porque há choque, traumatismo, emoção violenta." (Morin, 1986)

4 comentários:

  1. Muita verdade. Muita verdade. É isso mesmo. A gente passa por isso mesmo. Muita verdade.

    Mulher Apenas (meu nick)

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  2. É difícil mesmo saber o que é verdade e o que é mentira no mundo virtual. Tem mais mentiras do que verdades. É um jogo pra ver quem mente mais e leva mais vantagem. Os cantadores de mulheres então disputam centímetros pra ver quem mente mais. Mentem que são solteiros, mentem que são sarados, mentem que são ricos, mentem que são bonzinhos, mentem que fiéis, mente que amam. Depois mudam de nick como mudam de roupa e começam com a mesma lorota. E tem mulher também assim. Tem muita mulher que faz a mesma coisa. Sobrevive nas salas quem pouco acredita em quem está lá e entra só pra brincar, conversar e fazer amizade sem compromisso.

    Um beijo amiga.
    Senhora (meu nick)

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  3. Eu estava na sala ontem quando o seu amigo entrou e escreveu aquilo tudo pra vc. Olha menina se a minha experiência de vida conta aquilo não foi uma declaração de amizade. Foi uma declaração de amor e muito séria. Ele pode até não querer como muitos não querem admitir. Sou casada a 6 anos com um homem que foi meu melhor amigo numa sala. Foi assim mesmo. Eu e ele éramos casados com outras pessoas. Foi muito bonito o que ele disse no aberto. Parecia que estava sufocado e precisava dizer.
    Se a minha experiência e a minha história servir de exemplo pode contar comigo. Deixei meu e-mail pra vc na mensagem do seu perfil. Meu nome é Glória. Fica na paz.

    Glória.

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  4. De arrepiar o seu texto. Cheguei aqui por intermédio de amigos. Nunca fui frequentadora das salas de bate-papo. Parece que você não fala só delas. No cotidiano vivemos isso com toda certeza. Muito bom mesmo.

    Ilza

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