quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

APURAR…
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Penso que a toda hora deveríamos fazer um balanço de tudo em nossas vidas.
Esvaziar armários, desocupar espaços, limpar gavetas... coisas do gênero.

Em, se estando numa grande festa, escolhemos a bebida e os quitutes que queremos saborear. Mas, antes de lá chegar, passamos pelo processo da escolha da roupas, sapatos, maquiagem, perfumes a serem usados. E, tudo isso tem um valor inestimável.

A escolha da roupa nos define como poderemos estar naquele momento para quem possivelmente nos avistar, e somente isso; ou para quem direcionarmos nossas intenções quando e ao sermos observadas, provocar um afã.. Contudo, a escolha pessoal passa antes pelo crivo do nosso desejo em estar com cores que selecionamos, modelos que apreciamos e com os quais melhor nos adequamos etc.

A escolha dos sapatos... ahhhh!, os sapatos. Eles tem que ser absolutamente confortáveis. Não podem estar nem maiores nem menores em nossos pés. Eles tem que estar ajustados com tudo: com o peso do nosso corpo, com o tamanho das nossas pernas, com a cor das nossas vestes e numa combinação sutil com todos os acessórios que usarmos para esse momento.
Os sapatos são tão importantes, que nos conduzem na postura que devemos ter diante de situações. Nunca numa situação desagradável, neste estado de festa, e estando com saltos altos, ousaríamos sair batendo com os pés. Seria suicídio. Portanto, a escolha dos sapatos é tão importante, que parece que depois de escolhidos, eles é quem nos levarão à festa.

A escolha da maquiagem passa por um critério de seleção não menos importante que a do vestido e a dos sapatos. Mas, com um detalhe mais especial: ela estará realçando nosso olhar, nosso sorriso, nossas reações de contentamentos ou descontentamentos nesta grande festa. Ela alongará ou diminuirá os traços já existentes em nosso semblante. Ela cobrirá, ocultará ou deixará em evidência aquilo que gostamos mais em nosso rosto ou aquilo que faz parte, mas que gostaríamos de extirpar. Ela poderá despertar surpresas em quem nos vê, a partir do ângulo em que estaremos sendo vista. Se próximo talvez, e uma maquiagem carregada, poderá acentuar as imperfeições. Se a uma distância considerável, pode parecer que tudo está perfeito no conjunto. Mas o melhor seria que ao sermos vistas, pudessem os olhos de quem nos vê, olhar a maquiagem somente como um adereço suavizante na composição de um “estado de festa”. Aliás, é justamente para isso que ela serve... suavizar, depois de escolhida de acordo com o tom da pele, dos traços do olhar, do contorno dos lábios e dos anos decorridos em experiências de vida.

A escolha do perfume...
A escolha do perfume... esta é fatal! Os perfumes tem que ter em suas essências aromáticas a composição perfeita para a nossa pele e a nossa emoção. Eles devem conter a fragrância que se misturada ao suor provocado por uma ou outra situação, não revele nosso temor ou nossa excitação. O perfume tem que acompanhar o estado de sutileza do nosso “estado de festa”. Se assim não for, corre-se o risco de, ao passar, deixar uma legião de narinas sem saber que passamos. Sem saber que escolhemos roupas, sapatos, maquiagens e vestidos para o nosso estado de festa.

DEPURAR...
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Nosso estado de festa tem que obedecer a alguns critérios básicos para que tudo aquilo que apuramos possa valer à pena.

Tudo que apuramos, por conseguinte, ao passar para um outro processo, nos colocará em estado cristalino. E, neste estado, é que saberemos se o conjunto das nossas intenções em estar em estado de festa se concretizou ou não.

Um estado cristalino é muito além de um estado de ser e estar somente através de um vidro, de uma janela. Ele mostra toda a composição da nossa imagem, que mergulhada em nós e na nossa emoção, nos dá a medida certa para realçar tudo que apuramos.
Um estado cristalino faz da nossa festa o cristal que desejamos ter às mãos. Faz com que tenhamos um zelo maior ao cuidar desta, pois sabedores (e quando não, deveríamos) que somos que os cristais batidos, fissurados ou ulcerados, nunca mais poderão ter o mesmo valor. Cristal quebrado, não cola. Cristal quebrado é como doença que não cura. É como beijo perdido. É como pássaro sem vôo. É como Poeta descrente. É como orquestra sem maestro. Como melodia abandonada a mercê do barulho das armas, dos conflitos.
Depurar, não pode nos deixar cristalizados. Depurar deve nos manter cristais.

Tudo isto acontece nas salas.

O estado de festa, os cristais estão presentes em cada demonstração de conduta, mesmo à distância. Mesmo virtual.
O estado e a jóia, separados somente por instrumentos que intermediam este contato. Separados somente por fusos. Separados somente pelo “imaginar” como pode estar o estado de festa do outro lado. Uma festa que a qualquer hora pode acabar com gosto de quero mais ou com a sensação de que nada foi apurado devidamente para entrarmos no salão principal. Uma festa que pode, num momento qualquer, numa dança mais frenética, numa nota mais vibrante da melodia, fissurar o cristal que se tem. E, que sabemos se quebrado, jamais poderá ser colado.
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Provérbio chinês

“Quatro coisas não voltam atrás: a pedra atirada, a palavra dita, a ocasião perdida e o tempo passado.”



3 comentários:

  1. Muito bom. Os cristais devem ser guardados a 7 chaves. Parabéns.


    Ilza

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  2. Brilhante!
    Vc é 1000!

    Márcio

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  3. Amiga virtual, sua explanação é perfeita. As desilusões na net são muito mais fortes porque nos entregamos com mais vontade. Por isso dói mais , a gente chega atrasada muitas vezes na festa ou perde o melhor par de dança. Muito bem explicado. Felicidades.

    Mulher Atrevida (um dos meus nicks)

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