segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Porta de Entrada...
<><><><><><><>
Como é que chega o amor?
Chega como chegam as pessoas nas casas dos outros? Batendo à porta? Tocando uma campainha? Batendo palmas ao portão? Mandando antes uma carta, um bilhete, um e-mail, uma mensagem pelo MSN ou deixando um recado na secretária eletrônica dizendo: “Estou chegando, se vira!”?!... É assim que ele chega?
Será que alguém o vê passar livre e despreocupado pelas vielas, ruas, avenidas, e sabe exatamente o lugar certo aonde ele pode ir?
Será que ele usa roupas, acessórios ou perfume que identifique quem é?
Será que tem voz de quem canta a melodia que a gente gosta de ouvir e através dela, como na poesia de Homero, vem como o canto das sereias?
Será que ele chega como numa brincadeira de pique esconde e nos dá um susto tremendo e grita: “TE ACHEI!”, e sai correndo pra se esconder novamente, enquanto a gente fica buscando os lugares onde possa estar escondido?!...

Será que chega com as flores e o frescor da primavera e anuncia que tudo são cores, perfumes, pétalas?!...

Será que chega como chega o verão, desesperado com as altas temperaturas? Alucinado por água fresca e sombra amiga? Alucinado por uma brisa mansa, que passe e toque na pele deixando, depois do suor, um frescor inigualável?!...

Será que chega como chega o inverno? Encolhido e desanimado sem querer sair de casa por causa do frio lá fora?!... Cheio de vestes pesadas e de cores fechadas que nos protejam das baixas temperaturas e nos escondam nas formas que temos, pois afinal é inverno e todo mundo engorda?... Cheio de tristeza pelos dias cinza da estação?...

Será que chega como chega o outono que forra o chão com as folhas que adubam o solo e dão o frescor necessário à terra? Que limpa os galhos das suas folhas mortas? Que mostra a forma exata de uma árvore? Que ensina e prepara a vegetação para a próxima estação?!...

Aaaaiiiii... de quantas formas chega o amor? Em qual estrela ele brilha? E por que brilha tão distante às vezes?

É... É assim mesmo que se apresentam os amores via on line, também.
Num misto de perguntas e supostas respostas.
Num misto de certezas do momento e todas as dúvidas do depois.
Num misto de alegria do agora e um vazio sempre, daqui a pouco.

São intensos...
Tenho a impressão de que seria como se quiséssemos esticar o braço para poder tocar uma estrela que talvez saibamos estar morta faz tempo, mas que vemos daqui o seu brilho ainda. E, num plano muito além do que possa sonhar nossa vã filosofia.

Li na tela uma conversa de dois nickname’s. Um deles dizia estar mal e outro perguntou-lhe: “Por que amigo?” Sua resposta: “Arrasado... aquela filha da puta está me deixando louco.” O outro: “Sai dela, deixa ela virar ex...” Ele: “Não consegui ainda porque ela é muito atual.” O outro: “Mas vc se encantou com uma mulher de mentira.”
Ele: “É, sou babaca... mas o que eu sinto é de verdade.” O outro: “Já viu na real? É gostosa? Porque se for vale à pena tudo isso, se não for chuta fora.” Ele: “Conheci sim, mas acho que estou amando a pessoa errada...” - Parei de ler o diálogo deles aí neste exato momento: “... acho que estou amando a pessoa errada.”
Foi então que me vieram tantos questionamentos sobre como chega o amor nas nossas vidas.

Eu não me lembro de ter lido nunca no rosto ou no corpo de alguém, que aquele seria o parceiro ideal para compartilhar o meu amor. Não lembro ter visto, da mesma forma, em alguém, que eu seria a pessoa que a bula indicava. Não lembro de alguém ter dito o lugar, a hora e como eu deveria estar para que encontrasse ou visse pelo menos a uma certa distância esse amor. Nunca soube disso.

Fiquei ali, com os olhos pregados na tela.
Passado alguns instantes, resolvi perguntar, no reservado: “Ei amigo... está tudo bem?” Ele: “Não está não... tô malzão. Vou sair da sala. Estas músicas pioram meu estado. Obrigado.” - Lá se foi o nick...

Continuei a imaginar como deveria estar sua expressão naquele momento. Como poderia estar todo o seu corpo refletindo aquele momento único. Entre o saber o que estava sentindo e o não saber o quê fazer com isto. Como poderia estar esse olhar? Esse corpo?

O meu, estava aqui... cheio de dúvidas. Cheio das estações do ano. Cheio das estrelas inatingíveis. Cheio das certezas momentâneas e das incertezas do depois. Cheio das esperanças do agora e da desesperança do “Fazendo Logoff”.

Como é que chega o amor?
Se alguém souber, me manda um e-mail, ok? Aguardando então...
Beijos!
<><><>><><><><><><><><>

“Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias em que não te vi
Como de um filme ação, que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho pra encostar no teu
Subia na montanha
Não como anda um corpo
Mas um sentimento
Eu surpreendia o sol
Antes do sol raiar
Saltava as noites sem me refazer
E pela porta de trás da casa vazia
Eu ingressaria e te veria
Chegando assim
Mil dias antes de te conhecer”

( Valsa Brasileira - Edu Lobo/Chico Buarque)

5 comentários:

  1. Não posso dizer como chega o amor...mas tenho a impressão de que ele chega como o tempo...devagarinho...sem que nos demos conta...
    não avisa quando...onde...como...quem...
    Apenas chega. E não quer saber se estamos preparados ou não...Simplesmente chega e toma conta...não dá espaço para mais nada...a não ser para aquela ansiedade que nos tira o sono mas que nos faz sonhar...
    Sim...creio que o amor chega assim mesmo...como o tempo...

    Bjs Abelhinha...como sempre...ADOREI..e estou no aguardo...rsrsrs

    Coração Vazio

    ResponderExcluir
  2. Como chega? Como chega? Como vai embora?
    Afffff amigaaaaa... quem é que sabe? Nossa vc está arrebentando a boca do balão com essas suas idéias. Mais uma coisa que vc deixa pra gente pensar e pensar muito.
    Um abraço muito forte e um beijo nesse coraçãozinho tão cheio de amor. Deus te ilumine muito mais.

    Lia

    ResponderExcluir
  3. Ele chega assim. E você sabe como. Você ama. E eu amo você.

    Eu...

    ResponderExcluir
  4. Continuo acompanhando o seu blog e gostando muito. Parece que você lê a alma da gente.
    Fica na paz.

    Glória

    ResponderExcluir
  5. Cara amiga Sônia.
    Diria que na forma de uma suave veneno. Gostaria de me apaixonar por todas as mulheres do mundo, infelizmente, vocês cismaram com a tal de exclusividades. Aí eu me pergunto: Dorme com um barulhos desses e acorda bem humorado. Já que tem que ser assim, elegi no plano real a minha amada e já marchamos juntos um pouco mais que 34 anos. Ainda não impressiona ninguém, afinal de contas, fomos com filhos e netos assistir bodas de ouro dia desses. Será que o amor resistirá mais 16 anos, só o tempo dirá.
    Acho que chega sem avisar, se nos dar condições de dizer não, vou parar para pensar, dou um resposta no mês que vem ou coisa parecida.
    Nesse fascinante mundo virtual, creio que acontecem coisas do arco da velha, só não temos conhecimento. Quando ao cidadão que desabafou com outro acerca do amor virtual, não teu o Jornal O Dia de 30 anos passados, havia uma caderno do Professor Blum Najak entitulado: Aprenda Resolver Seus Problemas, ou algo parecido. No programa do Silvio Santos, os participantes podia pedir ajuda das cartas, universitários que pouco ou nada contribuiam, das placas etc etc etc. Mas, em matéria de amor, cada um deve descobrir por si só como entrar e sair do jogo sem se machucar.
    Um grande abraço.

    ResponderExcluir