quinta-feira, 23 de julho de 2009

“Vestida Com Teu Corpo”
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Inúmeras vezes observei aquele nick feminino. E, por mais que o fizesse, nunca conseguiria chegar perto do motivo que levou àquela mulher tomar aquele nick como sua identificação no chat. Contudo, tirava para mim algumas certezas a partir também, da mulher que sou. Não era tão difícil imaginar o efeito provocado por uma causa sugerida no nick... rs...

“Vestida Com Teu Corpo” – certa vez conversei com a proprietária do nick. Não me alonguei muito na conversa, mas ela disse ser uma Poetisa. E, passei a acreditar mais ainda no seu nick. Somente uma alma de Poeta para dar a dimensão do sentido de um nick vestido com a pele, a carne, o todo do outro.
Claro, questionamentos eu me fazia também. Será que estar vestida com o corpo do outro é o mesmo que estar vestida na íntegra, desse outro? – E, ao mesmo tempo eu percebia que essa coisa do racionalismo em teimar entender esse “estar ou não”, nem importa muito para quem se veste à vera do corpo do outro.

Estar vestida do corpo do outro...
E do meu corpo? Esse outro do qual me visto, também se veste do meu?

O inverno do meu corpo permite buscar agasalhar-me no outro, mesmo quando por aqui não está. Mas e o meu, agasalha também? Somos à mesma medida, corpo e alma? Se o somos, não há com o quê se preocupar – pois não há invasão. Mas se não o somos, nosso discernimento escapou por alguma fresta entre o sentir, misturando-se ao desejo frenético que as emoções proporcionam e invadiu somente o corpo com o qual quero estar vestida. Vestida somente no corpo – nada, além disto.

Eu ficava pensando como é isso no real e na Poesia... rs...
No real, há dúvidas que jamais serão desfeitas.
Na Poesia, é mágico esse pensamento do poder estar vestida do outro, numa investida do tudo ou nada. Mais pra tudo, que pro nada. A Poesia permite.

Na Poesia, estar vestida do outro é ter olhos para a mesma direção e acolher o desejo com o mesmo abraço. É ter braços firmes nesse enlace. Braços ternos nesse aconchego.

Na Poesia, estar vestida do outro é ter ouvidos àquelas melodias que só Zeus conhece e, que permite Eros derramar sobre os mortais. Deleite total!

Na Poesia, estar vestida do outro é ter em harmonia a química das fragrâncias exaladas a cada gota de suor escorrido num e noutro, quando juntos. É fazer caminhos, corredeiras rasgando a pele e deixando um mapa definido da exploração permitida, nos corpos agora somente corpo.

Na Poesia, não existe o vestir somente o corpo, é “sine qua non” para o depois da existência deste. A memória afetiva ficará, com certeza, cravada no tempo da existência do sonho concretizado. Tem alma o vestir-se do outro.

Na Poesia, não há limite entre acarinhar e acariciar – um é dependente do outro. E nenhum tem pecados. São a ceia servida no banquete com o melhor de nós, para nós.

Na Poesia, não há o meu ou o desejo do outro corpo. Tudo acontece sem que sejam necessários os “trâmites”, quando vestida do outro me encontro.

“Vestida Com Teu Corpo” – assim sugere este nick tão carregado de Poesia, assumido por uma Poetisa que espelha, com ele, a fertilidade do imaginário poético, numa sala de chat. E, mesmo que nem tudo seja Poesia num ambiente como este, vale mesmo o que se pode traduzir com bons olhos do que se lê.
Eu, quero continuar lendo um nick poético.
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“...E os teus olhos teem que ser só dos meus olhos
Os teus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois.”

(“Minha Namorada” – Vinícius de Moraes/Carlos Lyra)


“...Vem comigo
Meu pedaço de Universo é no teu corpo
Eu te abraço, corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se une em versos a canção
Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante amigo em minhas mãos...”

(“Universo no Teu Corpo” – Taiguara)


“...Vou ficar até o fim do dia
Decorando a tua geografia
E esta aventura em carne o e osso
Deixa marcas no pescoço
Faz a gente levitar
Tens um não sei o quê de paraíso
E o corpo mais preciso
Que o mais lindo dos mortais
Tens uma beleza infinita
E a boca mais bonita
Que a minha já beijou...”

(“Paixão” – Kleiton & Kledir)


5 comentários:

  1. Gostei muito do seu texto não conhecia o seu trabalho. Uma amiga me indicou quando você passou pela sala ontem. Parabéns pela sensibilidade ao escrever. Vou ler todo o seu blog.

    Maria Hermínia

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  2. Nossa ! amei ver um trabalho delicado e objetivo ,em bravas palavras e belos textos e com uma sensibilidade ao relatar , pois acredito em cada nick existe uma bela história e com esse blog vc simplismente abrilhantou o nosso mundo virtual parabêns amiga .
    Ja sou mais um adepto do seu blog .
    um suave bjo do amigo
    Luiz Roberto

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  3. Bom Dia Divina,

    Acabo de ler o artigo desta semana no blog e ele é, como não poderia deixar de ser, uma filosofia poética;
    Bem desenvolvido o texto e somente a visão abstrata do poeta poderia analisar a profundeza da realidade romantica do titulo, no caso o nick: "VESTIDA COM O TEU CORPO".
    Parabens pelo artigo e muito obrigado por desenvolver um tema importante e pouquissimo observado pelos frequentadores do local aonde foi encontrado, salas de Bate Papo.

    Beijos sinceros no coração

    Haroldo

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  4. Muito interessante a sua observação do nick em referência. Tem muitos que merecem ser observados e contados assim como você faz. Estarei aguardando outros tão interessantes também, sob a sua ótica. Felicidades.

    Mulher Sozinha

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  5. Lindo demais o seu texto. Ler você é saber que na net te muita gente boa. Lindo mesmo. Gostei.

    Eliani Honnas

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