segunda-feira, 6 de abril de 2009

Quero ser seu deus...
Quero ser sua deusa...

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A espera tem momentos que coloca cada um de nós numa situação pueril digna de gargalhadas.
Tem momentos de espera que se assemelham ao dia do Natal.
Na corrida para o pé da árvore, tropeçamos nos brinquedos que até então eram os mais queridos. Mas, diante da possibilidade do novo, estes ficam em segundo plano. Podem até se perder de vez... rs...
Espera em qualquer idade tem o mesmo significado e traduz as mesmas expectativas. Não em uma ou em outra dimensão. No estado de espera todas as emoções são sempre imensas. A espera mexe com o não sei o quê e deixa quem espera não sei como.

Ter que esperar é diferente de saber esperar, que, por sua vez, também é diferente de esperar por querer.

Ter que esperar compreende duas situações: a primeira ligada ao “ter” que quase sempre vem de maneira imposta à nossa vontade. E a segunda voltada, mesmo dentro da primeira, à expectativa do momento em que se dará o final da espera. Este “ter” apesar de tirar parte do encantamento daquilo que é esperado, ainda assim mexe com a organização do sentir – misturam-se sentimentos de repulsa e ansiedade de maneira tal, que ao final a confusão se estabelece deixando sempre a dúvida. Mas quem há de confessar?!...

Ter que esperar lembra também festa de aniversário, quando se é criança, cujas, ordens, são sempre as mesmas “tem que esperar ser servido”, e por aí afora...

O “ter que esperar” somente numa situação, parece, não deixar que a espera (de fato) seja tão incômoda – é quando se espera por um filho. Esta espera tece longos caminhos durante este processo do “ter que”. O “ter que” neste caso, vira sinônimo de aprendizagem para desenvolvimento da paciência, da tolerância, da observação da e na própria espera.

Saber esperar é outro processo, que também envolve a paciência, só que, com sabor diferente do “ter que”.
Saber esperar implica entender as razões pelas quais estamos à espera. Sabendo das razões que nos levam a isto fica mais fácil esperar. Encontramos justificativas para a demora, para a ausência (quando nunca chega o quê ou quem esperamos), para uma chegada adiada em cima da hora, etc.
Saber esperar vira um exercício quase revestido de santidade, pois o sorriso da conformação está sempre estampado na face e o coração aprende a não ficar sobressaltado por alarmes falsos.
Saber esperar é também um pouco doentio, já que acomoda os sentidos.
Saber esperar engorda, dá calo no cotovelo que apóia o corpo no parapeito das janelas e na mesa do computador, deixa a ponta dos dedos dos pés cansados de tanto esticar o corpo para enxergar lá no horizonte um pequeno sinal de uma chegada... rs...

Esperar por querer... afff...
Este é um processo muito confuso. Nele residem o “ter que” e o “saber esperar”. Complicado a convivência da imposição com o conformismo. A imposição do “ter que” revela sempre os conflitos que apelam para a compreensão do “saber esperar”. E, o “saber esperar” assume ainda mais a conformação de situações nem sempre claras.
Mas o “esperar por querer” tem um álibi: sempre fixa o olhar somente naquilo que quer que venha. E, quando avista a possibilidade da chegada, não se perde primeiro na emoção, entende a razão do querer e vai ao encontro. Aí neste momento o que era “esperar” passa a ser encontro. Não um simples encontro, mas um encontro buscado dentro das possibilidades apontadas num tempo de chegada para o quê ou quem possa vir. Um encontro marcado e escrito primeiro nas estrelas, depois para os simples mortais que somos.

O “esperar por querer” nunca abre antes do tempo a porta, porque sabe que não há trancas que deixem do lado de fora o que se quer por perto ou com.
Sabe, exatos, quantos passos residem numa chegada. E, por sabê-los, entende os conflitos do “ter que” associado ao “saber esperar”, dando um colorido diferente e equilíbrio na certeza do que virá.

É assim no “esperar por querer” que funciona a porta de entrada de uma sala de bate papo. Estar à espera por querer, apesar de em muitos momentos mexer com valores, sentimentos e desvelos, alimenta sonhos. Dribla a razão e parte para o ataque na certeza do gol (às vezes, contra). Mas, em time de somente dois, até o que é contra, pode também ser a favor... depende do ângulo que se queira assistir a finalização... rs...
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As salas guardam histórias de anos de convivências pautadas na “espera”. Uma que já foi por “querer” e hoje é por “ter que”; outra que já foi por “ter que” e hoje “sabe esperar” , mas maioria por “esperar por querer”.
Esperar até que entre à medida da ilusão de cada um que espera, aquele ou aquela que fará em cada palavra teclada um movimento tão revolucionário na vida de quem está à espera, que os céus descerão à terra e derramarão constelações inteiras para enfeitar a Noite de Cada Bem – mesmo daqueles que se fazem “expert” nessas relações e se dizem durões. Mas que permanecem lá por anos a fio... rs...
Parece exagero, mas não é não. Ilusão e sonho sem cor, sem céu, sem estrelas salpicadas e sem sino badalando no compasso do coração, é realidade. E, o que menos interessa nas salas é a convivência com o que é real.
A necessidade do irreal é tão grande que extrapola os níveis aceitáveis de uma relação normal, mesmo que à distância e sendo virtual, não altere a condição humana de quem participa do jogo – as pessoas são as mesmas, só mudam as máscaras.
A multiplicidade de personalidades é tamanha, creio que faça com que cada indivíduo até acabe por se perder em tantos “si mesmos”. Contudo, e ainda assim, se espera por querer esperar. E, mesmo com todas as certezas das ilusões de uma noite de Natal, a corrida ao pé da árvore não cessa à busca do novo brinquedo que chega ao amanhecer. O que estiver à frente pode sim ser atropelado, pisoteado e/ou chutado para lado – já que não tem mais valia – foi de um Natal passado.

Na sala o tempo exclui por si só seu domínio da razão. Não há razão suficiente para se estar num tempo real. E, o que é irreal não precisa mesmo de ter razão para existir. É como uma Poesia que nasce de um momento tão único, que só se pode lembrar ao revisar o que foi escrito – isto, diga-se de passagem, pelo Poeta. O momento de quem lê, nunca será “tão único” como o dele.

Esperar por querer faz dos dias os tapetes mágicos para as noites de mil e uma fantasias adornadas de comportamentos estrategicamente elaborados. Faz das noites de mil e uma fantasias o sustento das personalidades adquiridas e das crenças dos amores possíveis. Os impossíveis não existem na virtualidade. Todo amor é possível e “qualquer maneira de amar vale à pena”.
Esperar por querer atravessa a ponte do inimaginável e encontra dentro do que é irreal a possibilidade de possibilidades existentes nos fantasmas que povoam os pensamentos dos que sonham com um rosto, um corpo, uma voz, um olhar , que jamais estarão presentes no meio do que é real... do que é palpável.

Esperar por querer mantém a chama da vida acesa e cuidada, mesmo em dia de ventos fortes anunciando grandes tempestades. E, cada nick que transpõe os umbrais imaginários da entrada de uma sala, pode sim ser aquele que se quer esperar. Pode sim ser aquele que se esperou por tanto tempo. Pode sim ser o passaporte para a felicidade transferida de um plano cheio de insatisfações, para outro onde as ilusões teem muito mais força, e, que, portanto, enchem de vida e de esperança cada um que espera por querer, aquele ser que idealizou.
Esperar por querer abate na grande arena do “sempre à espera” o “nunca espere”. Esperar por querer tem força íntima. Guarda o segredo dessa força que induz a busca e faz descobertas, no mínimo, fantásticas!
Esperar por querer esperar, garante o abraço final. Garante o sonho colorido. Garante o idealizado diante dos olhos, e aquieta por longo tempo, corações solitários, mas que ainda pulsam. Garante a sanidade da insanidade humana, porque o deleite amortece a fúria. E, a fúria de quem nunca quis esperar é no mínimo, letal – porque nunca olhou pra vida sob todos os prismas e, portanto, nada sabe de possibilidades.

Neste exato momento alguém está à espera que eu ou você ultrapasse os umbrais da entrada de uma ou de qualquer sala, para uma nova tentativa da realização de um sonho a ser sonhado junto. Neste exato momento, cada um de nós pode ser a chave que abrirá a porta da sala principal onde o Bom Velhinho deixou ao pé da árvore o presente a ser trocado e apreciado por alguém. E, tenha certeza, quem vier buscar, virá como criança - numa corrida frenética atropelando o Natal passado, que o tempo permitiu que a memória excluísse.
No sonho, a ilusão permite que deuses e deusas desçam à terra e passeiem sobre tapetes de constelações.
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“A Deusa da Minha Rua
( Newton Teixeira / Jorge Faraj)

A deusa da minha rua
Tem os olhos onde a lua
Costuma se embriagar
Nos seus olhos eu suponho
Que o sol, num dourado sonho
Vai claridade buscar
Minha rua é sem graça
Mas quando por ela passa
Seu vulto que me seduz
A ruazinha modesta
É uma paisagem de festa
É uma cascata de luz
Na rua uma poça d'água
Espelho da minha mágoa
Transporta o céu
Para o chão
Tal qual o chão de minha vida
A minh'alma comovida
O meu pobre coração...

3 comentários:

  1. vc quer ser minha deusa? rsrsrsrs...
    Mulher valente vc te admiro muito, até além da conta.

    Te digo quem sou por e-mail rsrsrsrss

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  2. Adoro o seu blog, muito bom, observador e inteligente.
    Voce escreve com muita clareça e de fácil compreensão
    Parabéns
    SÓuvir (Maria)

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  3. Sonia, seu blog está cada vez mais lindo e poético. Parabéns! Entre no meu blogspot e seja minha seguidora. bjs http://fisioterapiaadomicilioannarocha.blogspot.com

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