domingo, 15 de março de 2009

De perto ninguém é normal
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Sempre ouvi dizer que de perto ninguém é normal. Confesso, duvidei algumas vezes... rs... Mas hoje, em algumas situações devo admitir que realmente de perto ninguém é normal...

Voltando um pouco ao meu artigo anterior , segundo minhas observações das salas, os encontros reais e/ou virtuais teem muito pouca diferença no seu acontecer. Contudo, e passado um tempo e várias crises e desencontros, um reencontro pode ser tão dolorido quanto tudo isto.

Observando mais adiante, percebo que num reencontro existem mais cobranças do que pretensões de ser feliz. Existem muito mais acertos de conta do que aceitação daquilo ou daquele que habitou a saudade, enquanto esteve fora do convívio.
Aí a coisa começa a ficar complicada. O que era ou o que parecia ser normal em um e noutro, começa a ser reeditado (como se isso fosse fácil) para agradar ou ajustar a relação.

Assim como no real, essas relações começam a ficar tão frágeis, que correm riscos a toda hora de se quebrarem e/ou simplesmente evaporarem.
Só que no plano real, também como citei no artigo anterior, o fato de poder olhar nos olhos, garante o perdão tão esperado ou a tentativa da conquista deste. Os olhos marejados sempre foram potentes armas contra a falta de perdão. Sempre tripudiaram a razão.

Já no virtual, os olhos distantes, que estão, não saciam este desejo de poder tocar o outro. Enxergar o outro de tão perto. No virtual a razão é tripudiada mesmo sem que os olhos estejam marejados.

Fechar os olhos, para muitos, é perder-se para sempre num emaranhado de fatos, de dúvidas, de descrenças. Isto é o que propõe o virtual de forma declarada.
Então começam as exposições das fragilidades e das resistências de um e de outro. Começam os queixumes sobre poder ser ou não desta ou daquela forma – só que tudo isto, tendo por base somente as promessas escritas. Nunca faladas olho no olho. Mas ainda assim, expondo a essência de cada um, tão frágeis ficam nas situações de conflitos que vivem. E, aquilo que era encanto ao primeiro momento e depois na saudade, passa a ser queixa, defeito e instrumento do não querer mais – mas, querendo e muito!...

(risos...) Nesta hora a expressão “ninguém de perto é normal”, ganha o seu sentido maior. Ganha o seu pleno significado. Basta um reencontro para isto.
Perceber a fragilidade do outro dentro do conflito de ambos é uma arma tão poderosa que faz com que todas as revelações apareçam e, às vezes, com códigos em forma de quebra cabeças.
Instalada esta desorganização o duelo passa a utilizar-se das formas mais cruéis com riscos de ferimentos letais. E, nada pior do que matar alguém em vida. Mesmo que esta vida esteja no virtual.
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Cresci aprendendo com a vida, porque não há cartilha que traga este ensinamento, que, quando necessário desfazer-se de algo, é só colocar defeitos e/ou acreditar que não nos fará falta. É só acreditar que devemos passar adiante ou nos livrarmos de maneira tal, que nem vestígios fiquem, garantindo assim o equilíbrio da nossa sensibilidade. E, o velho e horroroso dito popular “o que os olhos não veem, o coração não sente”.

É... só que os tempos mudaram.
Hoje, o que os olhos não precisam mais ver, fazem tanto estrago quanto no tempo em que os mesmos viam, exergavam e almejavam.
Hoje esses olhos que não veem de fato a imagem, descobrem as mesmas coisas e vivem de maneira tão intensa quanto os que viam e enxergavam e almejavam. E podem mesmo chegar à conclusão que de perto ninguém é normal. Pelo menos, não dentro da normalidade sonhada num equilíbrio para uma relação a dois; ou nos padrões idealizados dentro do sonho de cada um; ou na maneira esperada quando ainda era sonho a conquista do outro; ou no sentido de se esperar que venha para dentro de cada um, e, em lados opostos, os mesmos anseios, as mesmas vontades, os mesmos desejos na hora de reencontrar.
Só e nestas situações o olho no olho faz a diferença, porque saber olhar com os olhos da alma é um exercício que se tem feito de maneira muito truncada nos chat’s.
Tudo é enorme, imenso... e, ao mesmo tempo, é tão ínfimo... tão frágil.


"Todos os nicks são pardos"

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(direitos reservados a uma amiga querida)

Dividindo meu pensar com uma grande amiga, cujo nickname reservo o direito de não citar, por questões óbvias, ela escreveu uma coisa interessante enquanto fiz um comentário relativo a tudo isto que percebo: “...todos os nicks são pardos”. Na hora, ri muito. Mas depois comecei a ler a sala e a relacionar o que lia às situações do dia a dia. E, num processo de associações, descobrindo as vertentes que nos levam sempre ao mesmo caminho – o da busca.
Este pensamento remeteu-me a outro no que diz respeito a uma pergunta muito comum nas salas: “O quê você busca encontrar aqui?” (risos). E, refletindo em cima de tudo sobre perdas e ganhos, encontros e desencontros, despedidas e reencontros, ser ou não normal quando se conhece de perto um e outro, chego à conclusão que as mesmas buscas que se dão plano real, encontramos no virtual. Então o que minha amiga comentou tem todo sentido mundo, porque ainda que possa parecer ser uma coisa diferente buscar no virtual aquilo que se encontra distante no real (engraçado a transferência... rs...), a busca se dá, não com seres diferentes daqueles que somos. Mas com todas as cargas de emoções que carregamos.
Nossas diferenças ficam por conta da forma de agir e reagir a esta ou àquela situação de momento. Aí, todos os nicks são pardos.

É somente uma questão de rever valores pessoais. Revisitar as próprias intenções em cima daquilo que se busca e aonde possivelmente se quer encontrar.
É acostumar-se a pensar que a cidadela chamada Sala de Chat, abriga todas as possibilidades de “ser ou não ser”. Mas, que, querendo, pode-se ser.
Não há uma regra de intenções que possa dizer quem pode ou quando ou como se pode ser num espaço deste. Se não for feita, primeiro, uma busca em si mesmo, todos os nicks serão pardos comparando-os de forma igualitária e simples. Mas, se esta busca se der de maneira a poder ao menos chegar próximos daquilo que somos em muitas situações (e somos muitos em nós mesmos), os nicks serão iguais pela diferença existente em cada ser que os carrega.
Esta diversidade de comportamento então, poderá ser a responsável por aquilo que iguala a todos, a própria diversidade de pensamentos.

O jogo das salas é muito rico e interessante, mas nem sempre podemos mover as peças deste xadrez e/ou encaixar no lugar certo o quebra cabeças.
As salas dão aos jogadores um poder de criador e deixam aos que buscam, o sentimento de criaturas. Portanto, refletir sobre o que poderia ser normal em cada um , me remete ao já pensado antes: no reencontro e na busca, de perto ninguém é normal!
E, concluindo, é isto que iguala a todos. Esta anormalidade a seu modo, e em cada um, reafirma a expressão “Todos os Nicks são pardos”!
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Sutis diferenças

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Pra você felicidade é

Relva tenra que cresceu no chão

Mas pra mim é fruta que no pé

Se oferece ao olho, à boca, à mão

Pra você toda a tristeza vem

Quando o sol descamba para o mar

Mas pra mim só quando não se tem

Para onde dirigir o olhar

Então nós dois

Sutis diferenças

Vamos combinar

Não pra saber

Quem vence ou não vence

Mas que luz vai dar

Pra você a vida deve ser

Como um rio que corre sem parar

Mas a mim não importa o correr

E sim o refletir, o luar

Pra você o medo vem do céu

Ou do Deus que não se mostrará

Mas pra mim o medo vem de eu

Não saber sequer se algum Deus há

Então nós doisSutis diferenças

Vamos combinarNão há no amor

(Caetano Veloso/Vinícius Cantuária)

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